Dados do Senado Federal apontam que a ludopatia é o terceiro vício mais frequente no Brasil atualmente. Estima-se que pelo menos 2,7 milhões de brasileiros sejam afetados, ficando atrás apenas do álcool e do tabagismo
A médica Fernanda Rizzo (CRM-ES 15.099) explica que a ludopatia, ou compulsão por jogos, é um tipo de dependência comportamental no qual a pessoa perde o controle sobre o ato de jogar, tornando-se incapaz de parar mesmo quando isso traz consequências negativas em diversas áreas da vida. Classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença, o vício em jogos de azar compromete o bem-estar mental, social e econômico do indivíduo, além de causar grande sofrimento pessoal e familiar.
De acordo com a especialista, a ludopatia atua nos mesmos mecanismos neurológicos que a dependência de substâncias como álcool ou drogas, envolvendo o sistema de recompensa do cérebro e controle de impulsos. Ao jogar e vencer, o organismo libera dopamina, o “hormônio do prazer”, criando uma sensação de satisfação intensa e rápida. “Com o tempo, a pessoa passa a precisar jogar mais para atingir o mesmo nível de prazer, o que leva à perda de controle e à necessidade de continuar jogando, mesmo que isso esteja trazendo mais malefícios do que benefícios”, aponta.
Sinais
Como destaca a médica, os sinais de que jogar se tornou um problema sério incluem a incapacidade de reduzir ou parar de jogar, o uso do jogo para escapar de emoções negativas, e a persistência no jogo mesmo quando ele traz prejuízos financeiros, emocionais ou sociais. Outros sinais são a ocultação do hábito, a sensação de inquietação ou irritabilidade quando a pessoa não está jogando, o aumento do tempo e dinheiro dedicados ao jogo, na maioria das vezes, endividando esse indivíduo.
Tratamento
Conforme Rizzo, pedir ajuda é o primeiro passo e pode ser feito por meio do apoio de profissionais de saúde mental, como médicos, psicólogos e psiquiatras. O tratamento pode incluir psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental, que ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento associados ao jogo.
Em alguns casos, medicamentos podem ser prescritos para controlar sintomas de ansiedade ou depressão associados a essa dependência. “Grupos de apoio, como os Jogadores Anônimos, também oferecem uma rede de apoio essencial para quem está enfrentando a ludopatia”, finaliza.