A inflamação é uma reação natural do organismo que acontece quando precisamos combater um quadro de infecção ou lesão de um tecido, ou seja, é um mecanismo de defesa essencial para a saúde
A inflamação é um processo fisiológico complexo envolvendo células imunológicas, substâncias químicas e proteínas do sangue. Quando ocorre uma lesão ou infecção, esses componentes trabalham juntos para isolar e eliminar o agente agressor, reparando o tecido afetado. Essa reação normalmente envolve vermelhidão, calor, inchaço e dor. No entanto, segundo a médica Juliana Walsh (CRM-SC 22.106 e RQE 12.960), às vezes, a ameaça nem existe e o corpo trabalha como se a inflamação estivesse ali, em um estado permanente de alerta. “Esse tipo de inflamação, chamada de crônica, costuma estar relacionada a hábitos de vida ruins, como consumo excessivo de ultraprocessados, obesidade, sono desregulado, tabagismo, sedentarismo e estresse contínuo. Esta resposta inflamatória crônica pode desencadear uma série de problemas de saúde”, aponta.
A especialista ressalta que a inflamação aguda é essencial à nossa sobrevivência, por auxiliar no combate de quadros infecciosos (fungos, vírus e bactérias) e no reparo de tecidos lesionados (por exemplo, torção no joelho). A inflamação aguda é uma resposta rápida e eficaz a uma ameaça imediata, normalmente se resolvendo em poucos dias.
Juliana chama a atenção que o problema está na inflamação crônica, já que se trata de uma resposta inflamatória de baixo grau e prolongada, podendo durar meses ou anos e contribuir para diversas doenças crônicas. A inflamação é perigosa porque muitas vezes ocorre sem sintomas visíveis, podendo afetar o corpo de várias maneiras, contribuindo para o desenvolvimento de doenças cardíacas, autoimunes, hipotireoidismo, artrites, diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer.
Sinais de que o corpo está inflamado
Conforme a médica, quando existe inflamação crônica, os sintomas são gerais e inespecíficos. “Muitas vezes não percebemos a oportunidade de tratar e evitar doenças mais graves. A inflamação crônica pode se manifestar em diversos órgãos, com sintomas variados”, pontua.
Ela lembra que o corpo deve funcionar em perfeito equilíbrio. Se algo está desregulado, provavelmente o indivíduo está inflamado e precisa buscar auxílio médico. Alguns sintomas incluem dores crônicas; imunidade enfraquecida com infecções de repetição; cansaço excessivo, baixa energia, dificuldade de concentração; cabelos e unhas enfraquecidas; intolerância ao frio; alterações intestinais (diarreia, constipação, estufamento abdominal); boca amarga, refluxo; dificuldade para dormir; depressão e ansiedade; aumento do peso corporal; inchaços e cólicas menstruais intensas.
Corpo inflamado: o que fazer?
A especialista recomenda que se a pessoa notar que o corpo está inflamado, o ideal é procurar a orientação de um profissional qualificado (preferencialmente um médico integrativo), para identificar a causa da inflamação, quais órgãos estão sendo afetados e iniciar o tratamento com suplementos e vitaminas que auxiliarão no processo de desinflamação.
Além disso, alguns hábitos de vida auxiliam nesse processo de desinflamação: alimentos anti-inflamatórios; sono de boa qualidade; atividade física regular; meditação e grounding (contato direto com a natureza); ingestão de mais de 2 litros de água por dia e cortar o cigarro.
Alimentos anti-inflamatórios
A médica destaca que uma alimentação anti-inflamatória é fundamental para acelerar a recuperação e a cicatrização da inflamação. Algumas dicas são:
Frutas e vegetais: ricos em antioxidantes e fitonutrientes, esses alimentos combatem radicais livres e reduzem a inflamação. Especial atenção deve ser dada a frutas vermelhas, como morangos e amoras, e vegetais de folhas verde-escuras.
Peixes: salmão, atum, sardinha e outros peixes ricos em ômega-3 são essenciais para combater a inflamação. O ômega-3 previne a inflamação e modula as respostas inflamatórias.
Oleaginosas e sementes: fontes de gorduras saudáveis, fibras e antioxidantes, como as amêndoas, nozes, sementes de chia e de linhaça, podem ajudar a reduzir marcadores de inflamação no corpo.
Cúrcuma: quando combinada com pimenta-preta e o gengibre, para aumentar sua absorção, são conhecidos por suas propriedades anti-inflamatórias.
Alimentos inflamatórios
De acordo com a especialista, além dos processados e ultraprocessados (refrigerantes, embutidos e doces), devemos evitar alimentos como sal refinado (dar preferência para sal integral), açúcar, álcool, glúten (massas) e leite (e derivados do leite). “O glúten e a caseína (proteína do leite) são proteínas grandes e de difícil digestão, causando muita inflamação intestinal e, consequentemente, inflamação crônica”, alerta.
Vida sem inflamação
Juliana salienta que viver sem inflamação é possível e seria o ideal, mas exige dedicação. Ela reforça que as pessoas precisam manter hábitos de vida saudáveis e equilibrados, como sono adequado, controle do estresse, atividade física regular e boa alimentação.