Especialista comenta que o problema afeta mais mulheres
A ginecologista Juliana Risso (CRM-RJ5269631-5 e RQE 15.793) esclarece que a infecção urinária é mais comum em mulheres devido a características anatômicas e fisiológicas que facilitam a entrada de bactérias no trato urinário. Ela explica que a uretra feminina é muito mais curta que a masculina, com cerca de quatro centímetros, o que permite que as bactérias cheguem mais facilmente à bexiga, já que a proximidade da uretra com o ânus aumenta a probabilidade de contaminação por bactérias intestinais, como a Escherichia coli, a principal responsável por esse tipo de infecção.
Segundo a médica, fatores hormonais também desempenham papel importante, pois durante a menopausa, por exemplo, a queda nos níveis de estrogênio enfraquece a proteção natural das mucosas vaginais e uretrais, deixando-as mais vulneráveis. Nessa fase, o pH vaginal se altera, reduzindo a presença de lactobacilos, as bactérias benéficas que ajudam a prevenir infecções.
A especialista reforça que, para evitar infecções urinárias, é essencial adotar hábitos de higiene e cuidados diários que reduzam as chances de proliferação de bactérias no trato urinário. A limpeza adequada da região íntima é fundamental, especialmente após evacuar, devendo ser feita sempre de frente para trás, para evitar que bactérias da região anal alcancem a uretra. “Manter-se bem hidratada é outra medida importante, já que urinar com frequência ajuda a eliminar bactérias antes que elas tenham a chance de se multiplicar. Evite segurar a urina por longos períodos, pois isso favorece o acúmulo de bactérias na bexiga”, recomenda.
Conforme Risso, após relações sexuais, urinar pode auxiliar a “lavar” possíveis bactérias que tenham sido introduzidas na uretra. No dia a dia, escolha roupas íntimas de algodão, que permitem a ventilação da região íntima, e evite roupas apertadas ou úmidas, que criam um ambiente propício para o crescimento de bactérias. “Produtos de higiene íntima, como duchas vaginais e desodorantes devem ser evitados, porque podem alterar a flora vaginal e predispor a infecções. Durante a menopausa, a reposição de estrogênio vaginal, quando indicada por um médico, pode ser uma aliada, ajudando a proteger as mucosas e a reduzir o risco de infecções urinárias recorrentes”, pontua.
A ozonioterapia e a infecção urinária
De acordo com a ginecologista, a ozonioterapia é um tratamento médico que utiliza uma mistura de oxigênio e ozônio medicinal para fins terapêuticos. O ozônio, uma molécula formada por três átomos de oxigênio (O₃), é conhecido por suas propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias e imunomoduladoras. “Quando aplicado corretamente, ele pode auxiliar no tratamento de diversas condições de saúde, sempre sob supervisão médica”, destaca.
Esse método pode ser administrado de várias formas, dependendo do objetivo terapêutico. Entre as aplicações mais comuns estão o uso tópico (em feridas ou lesões); injeções subcutâneas, intramusculares ou intra-articulares; insuflações (reto ou vaginal), e até misturado ao sangue do próprio paciente (retirado, tratado com ozônio e reintroduzido no organismo).
A ozonioterapia é amplamente utilizada em áreas como cicatrização de feridas crônicas, dores articulares, doenças inflamatórias, infecções e até como coadjuvante em tratamentos oncológicos. Seu principal benefício está na capacidade de melhorar a oxigenação dos tecidos, combater infecções e reduzir processos inflamatórios, promovendo uma recuperação mais rápida e eficaz.
Como ressalta a médica, no caso de infecções urinárias, a ozonioterapia pode ser administrada de forma segura e eficiente por meio de insuflação retal ou vaginal, ou ainda com a aplicação tópica em casos específicos. “Essas técnicas ajudam a restaurar o equilíbrio da microbiota da região e a reduzir a inflamação, aliviando sintomas como dor e ardência”, aponta.
Orientações
Consulta médica: antes de iniciar a ozonioterapia, consulte um médico qualificado para confirmar o diagnóstico da infecção urinária e avaliar se o tratamento é adequado para o seu caso.
Terapia personalizada: a aplicação e a dosagem do ozônio devem ser individualizadas, de acordo com a gravidade da infecção e o histórico de saúde do paciente.
Tratamento complementar: a ozonioterapia é uma abordagem complementar e não substitui o uso de antibióticos ou outros tratamentos convencionais prescritos, especialmente em casos graves ou recorrentes.
Hidratação e cuidados gerais: durante o tratamento, é importante manter uma boa hidratação e seguir hábitos de higiene adequados para prevenir novas infecções.
Com acompanhamento médico adequado, a ozonioterapia pode não apenas tratar a infecção, mas também ajudar a reduzir a recorrência de episódios, fortalecendo a imunidade e promovendo o equilíbrio da saúde íntima.