Nos últimos meses, dois casos médicos chamaram atenção de especialistas: em fevereiro, uma jovem de 20 anos foi parar na UTI após sofrer convulsões e múltiplas paradas cardíacas e, em março, uma mulher de 28 veio a óbito após um infarto repentino. A suspeita é de que o consumo excessivo de energéticos antes da rotina de exercícios tenha sido a causa do fenômeno sofrido pelas duas estadunidenses que, até aquele momento, não tinham problemas de saúde conhecidos.
Os episódios reacenderam o alerta sobre os riscos dessas bebidas. Utilizadas para dar energia para um dia longo de trabalho, um plantão noturno ou apenas para dar um gás nos exercícios, os energéticos costumam ser ricos em açúcares e estimulantes, como a cafeína e a taurina, responsáveis por provocar um estado artificial de alerta.
Qual o perigo dos energéticos?
De fato, essas bebidas conseguem afastar o sono e dar ânimo para a realização de atividades, mas o uso recorrente pode ser um problema. “A curto prazo, pode gerar picos hipertensivos, desidratação e perda de consciência”, explica a médica Cynthia Karla Magalhães, do Instituto Nacional de Cardiologia e do Grupo Valsa. “A longo prazo, o uso contínuo pode comprometer a função cardíaca, alterar o padrão de sono e aumentar o risco de doenças cardiovasculares.”
A Sociedade Brasileira de Cardiologia já havia alertado para esse problema. Segundo eles, consumir menos de 500mg de cafeína (o equivalente a 5 xícaras de café espalhadas ao longo do dia) costuma ser seguro para o coração. O problema é que as bebidas energéticas e os chamados pré-treino costumam ter doses altas (até 250mg por dose ou garrafa), além de combinarem outros estimulantes que potencializam os efeitos.
O consumo exagerado também pode ter efeitos negativos sobre a saúde neurológica. Embora algumas xícaras de café possam ter um efeito protetor, o uso excessivo de estimulantes pode despertar episódios de ansiedade e enxaqueca, além de atrapalhar a qualidade do sono – fenômeno com amplos efeitos negativos sobre a saúde geral.
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Os médicos alertam que esse perigo é ainda maior quando o consumo de energéticos é associado ao uso de álcool. “O álcool tem efeito depressor no sistema nervoso, enquanto o energético é um estimulante”, diz Magalhães. “Isso faz com que uma pessoa não sinta os efeitos da embriaguez, levando-a a beber mais e aumentando o risco de intoxicação alcoólica e problemas cardíacos graves.”
Por isso, há uma grande necessidade de melhores regulamentações para a composição e a publicidade desse tipo de bebida, em especial quando voltadas para adolescentes. Enquanto isso não acontece, o uso consciente é a melhor solução – além de buscar solucionar os problemas que podem estar levando ao cansaço excessivo.
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