Uma pesquisa recente da Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar (ISHRS), entidade da qual faço parte, revelou mudanças significativas no perfil de quem busca tratamentos para queda de cabelo. O relatório, de abrangência global, mostra que adultos mais jovens e mulheres estão recorrendo cada vez mais a intervenções avançadas contra a calvície. Esses dados sinalizam uma transformação importante na medicina e na área de transplante capilar.
Segundo o estudo, os pacientes não estão mais esperando chegar à meia-idade para buscar soluções. Em 2024, 95% das pessoas que realizaram sua primeira cirurgia de restauração capilar estavam na faixa dos 20 aos 35 anos — um recorte etário consideravelmente mais jovem do que o padrão histórico. Ou seja, há hoje uma tendência clara de procurar tratamento já nos primeiros sinais de queda.
Outro dado relevante: o número de mulheres interessadas em tratamentos capilares aumentou de forma expressiva. Em comparação com 2021, houve um crescimento de 16,5% na participação feminina, ampliando um público que antes era majoritariamente masculino.
Essa transformação também é perceptível no Brasil. Nos últimos anos, observamos uma mudança concreta no perfil dos pacientes que buscam transplante capilar. A queda de cabelo deixou de ser uma preocupação exclusiva dos homens mais velhos e passou a afetar emocionalmente mulheres e adultos jovens, que hoje representam uma fatia crescente do público brasileiro.
Entre as mulheres, por exemplo, é comum encontrarmos tanto casos de alopecia androgenética quanto quadros de intensificação precoce da queda, o que exige uma avaliação criteriosa dos fatores hormonais, nutricionais e emocionais antes de qualquer indicação cirúrgica. Recentemente, vimos a apresentadora Xuxa Meneghel optar pelo transplante capilar e reforçar esse movimento, refletindo, entre outros fatores, o aumento da conscientização sobre saúde e autocuidado.
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Outro ponto que merece destaque é o crescimento dos procedimentos de restauração capilar fora do couro cabeludo, como sobrancelhas e barba. Entre os homens, essa procura representou 18% dos atendimentos em 2024 — um aumento expressivo em relação aos 13% registrados em 2021. No caso das mulheres, a tendência também cresceu: de 17% em 2021 para 21% em 2024.
À medida que jovens e mulheres passam a buscar soluções mais cedo, é fundamental que os métodos de tratamento evoluam na mesma velocidade, oferecendo segurança, personalização e resultados naturais. No Brasil, vemos cada vez mais investimento em novas tecnologias e técnicas, como a ultradensidade capilar, que se tornou referência internacional.
No entanto, junto à crescente demanda, a desinformação sobre os procedimentos também se expandiu — e isso é preocupante. O número de clínicas que oferecem transplante capilar no Brasil aumentou, mas nem todas seguem os critérios médicos exigidos.
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É fundamental reforçar: o transplante capilar é uma cirurgia e deve ser conduzido por um médico capacitado, com formação e experiência adequadas. Somente assim podemos garantir não apenas um bom resultado estético, mas também a saúde, o bem-estar e a autoestima dos pacientes.
* Thiago Bianco Leal é cirurgião, especialista em transplante capilar e membro da Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar (ISHRS)
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