O medicamento Sotyktu acaba de ser lançado no Brasil, oferecendo uma nova possibilidade para pacientes com psoríase em placas moderada a grave. Desenvolvido pela biofarmacêutica Bristol Myers Squibb (BMS), ele se diferencia por ser administrado por via oral e não exigir condições específicas de armazenamento, ao contrário das terapias injetáveis, que precisam de refrigeração. Com essa nova abordagem, o Sotyktu visa atender à demanda crescente por tratamentos mais práticos e eficazes, reduzindo as limitações dos métodos tradicionais, como cremes tópicos e fototerapia.
Além disso, nos estudos clínicos de fase 3 divulgados pela farmacêutica, o medicamento demonstrou resultados superiores aos tratamentos convencionais, com mais de 50% dos pacientes apresentando melhora significativa nas lesões cutâneas em apenas 16 semanas.
Como funciona o Sotyktu?
O Sotyktu é o primeiro inibidor seletivo da tirosina quinase 2 (TYK2) aprovado no Brasil. Ele age bloqueando vias inflamatórias que contribuem para o surgimento e manutenção das lesões de psoríase. Diferentemente de outros medicamentos que agem em múltiplas enzimas, o deucravacitinibe, princípio ativo do Sotyktu, se concentra especificamente na TYK2, o que contribui para menos efeitos colaterais observados durante os ensaios.
Os estudos clínicos que incluíram mais de 1.600 pacientes com psoríase em placas moderada a grave, mostraram que 58% dos pacientes tratados com Sotyktu alcançaram uma redução de pelo menos 75% nas lesões cutâneas após 16 semanas de uso. Cerca de 40% dos participantes atingiram uma resposta mais profunda, com redução de 90% das lesões.
“O que observamos nos estudos é que os pacientes continuaram apresentando melhora significativa após um ano de uso, o que é importante para uma doença crônica como a psoríase, que exige controle contínuo“, destaca Gabriel Fernandes, dermatologista e gerente médico de Imunologia da BMS.
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Desafios enfrentados pelos pacientes
A psoríase é uma doença crônica que afeta cerca de 1,31% da população brasileira, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia. Embora não tenha cura, a condição pode ser controlada com tratamentos adequados. Além dos sintomas físicos, como lesões avermelhadas, descamação e coceira, a doença também tem um impacto emocional significativo.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos revelou que 81% dos pacientes convivem com baixa autoestima e desconforto físico causados pela psoríase, enquanto 62% relataram sintomas de ansiedade associados à doença. O levantamento apontou ainda que a demora no diagnóstico é um problema recorrente: os pacientes levam, em média, cinco anos para receber o diagnóstico correto e iniciar o tratamento adequado.
Preferência por tratamentos orais
A pesquisa também revelou que a maioria dos pacientes prefere tratamentos orais. Cerca de 69% dos entrevistados indicaram que a administração oral é a forma de tratamento mais conveniente, principalmente por dispensar as injeções frequentes e a necessidade de refrigeração, comuns em terapias biológicas. “A terapia oral reduz a complexidade do tratamento e facilita a adesão, um aspecto essencial para o controle eficaz de doenças crônicas”, afirma Fernandes.
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Além da conveniência, os pacientes também relataram a expectativa de terapias com maior eficácia e menos efeitos colaterais. Dados apresentados em um dos estudos, realizado em condições de vida real, confirmaram que a eficácia do Sotyktu observada nos ensaios clínicos se mantém mesmo fora de ambientes controlados.
Acesso ao tratamento no Brasil
Embora o Sotyktu já esteja disponível no Brasil, sua incorporação ao Sistema único de Saúde (SUS) ainda depende de avaliação pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Esse processo envolve a análise da eficácia, segurança e custo-benefício do medicamento.
Para grande parte dos pacientes, a disponibilidade de tratamentos eficazes pelo sistema público de saúde é fundamental, já que as opções oferecidas atualmente, em sua maioria injetáveis, apresentam desafios logísticos e financeiros.
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Os resultados do Sotyktu em estudos controlados e em condições reais foram apresentados no Congresso Europeu de Dermatologia de 2024. As análises indicaram uma eficácia consistente no tratamento de psoríase em placas moderada a grave, especialmente em pacientes que buscam alternativas práticas às terapias injetáveis.
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