Você já se perguntou por que mudar parece tão difícil, mesmo quando você quer muito? Por que é tão fácil começar cheio de vontade e tão difícil continuar?
Talvez você esteja achando que o problema é falta de foco, disciplina ou motivação. Mas e se eu te dissesse que o verdadeiro obstáculo pode ser algo que ninguém te contou?
Nós aprendemos desde cedo que sentir desconforto é ruim, que é sinal de que algo está errado. Mas, na verdade, o desconforto pode ser exatamente o sinal de que você está no caminho certo. Hoje, quero te convidar a olhar pra ele com outros olhos.
Mudança sem dor: uma promessa tentadora
No consultório e na vida, vejo isso o tempo todo: pessoas que sentem um chamado profundo para mudar de carreira, buscar um novo propósito ou finalmente dar um passo em direção a algo que sempre sonharam.
Mas, ao pensar nos desafios que isso envolve, como voltar a estudar, encarar a opinião dos outros e lidar com a instabilidade financeira, elas travam.
A vontade continua ali, mas o medo fala mais alto.
Em vez de seguir adiante, muitas vezes ficam paralisadas. Ou tentam buscar soluções rápidas, que prometem transformação sem esforço, mas que raramente se sustentam.
Continua após a publicidade
Não estou aqui para julgar essas escolhas. Estou aqui para te lembrar de algo simples e verdadeiro: não dá para mudar de vida sem atravessar o desconforto.
O desconforto não é o inimigo, é o caminho
Lembro bem quando eu ainda era estudante de intercâmbio nos Estados Unidos. Fazia poucos meses que eu tinha chegado, e tudo em mim gritava para voltar para casa.
Naquela manhã gelada, fiquei deitada na cama por horas. Chorava em silêncio, sentindo um aperto no peito. Fazia frio e tudo ao meu redor parecia estranho. O inglês ainda não fluía e não me sentia pronta.
Na minha cabeça, uma frase se repetia sem parar: “se eu não aprender rápido, minha carreira pode acabar antes mesmo de começar.” Esse pensamento despertava um medo profundo de fracassar, de ser uma decepção e de não dar conta. Eu me sentia envergonhada e frustrada.
Continua após a publicidade
Como resposta, meu corpo congelou. Quis desistir, voltar por Brasil e fugir daquele incômodo. Meu cérebro interpretava tudo aquilo como um risco real, como se a minha sobrevivência estivesse ameaçada.
Hoje, sei que isso não era fraqueza. Era só o meu cérebro ativando um mecanismo natural: o sistema de luta, fuga ou congelamento. No meu caso, eu congelei.
Naquele dia, me lembrei do que minha avó sempre dizia: “seja a água, não a pedra.” Entendi que, se eu voltasse para casa naquele momento, talvez nunca conseguisse construir a vida com a qual eu tanto sonhava.
Foi ali, naquela escolha de continuar mesmo com medo, que algo dentro de mim começou a mudar.
Continua após a publicidade
A neurociência explica exatamente isso: o nosso cérebro não sabe diferenciar um perigo real de um desconforto emocional. Por isso, ele aciona o alarme. Mas nem todo alarme significa que você está em perigo de verdade.
A melhor parte é que podemos treinar nosso cérebro para não evitarmos o desconforto. Mas, assim como um músculo, ele só se transforma com treino. E treino exige esforço, dor e persistência.
Mudar pode doer
Talvez você esteja esperando o momento certo, a motivação perfeita ou o empurrãozinho final. Mas a verdade é que mudar de vida, seja qual for o seu objetivo, exige algo muito mais desafiador: romper com a inércia, sair do lugar e seguir em movimento, apesar do desconforto.
É difícil sair do conhecido. E mais difícil ainda é sustentar uma nova direção quando o medo, a dúvida ou a dor começam a aparecer. Tudo bem se isso doer. E tudo bem se for difícil.
Continua após a publicidade
Isso não é sinal de fracasso. É sinal de que você está se movendo e que, finalmente, saiu do piloto automático. E a melhor parte é que seu cérebro pode aprender a lidar com esse desconforto.
Mesmo quando tudo em você diz que é perigoso, mesmo quando o alarme interno dispara, é possível treinar o cérebro para reconhecer que nem todo desconforto é ameaça. Com o tempo, com prática e com coragem, seu cérebro aprende a conviver e superar os incômodos.
Hoje, meu convite é simples: em vez de fugir do desconforto, experimente encarar. E antes de terminar, te deixo com algumas perguntas:
Você está repetindo os mesmos padrões esperando resultados diferentes?
O que você tem evitado porque acha que “vai ser difícil demais”?
Que pequena atitude você poderia manter hoje, mesmo com desconforto?
Continua após a publicidade
Na próxima semana, vamos continuar essa conversa. Vamos falar sobre o que te ajuda a sustentar a mudança mesmo nos dias mais difíceis. E, principalmente, como acender seu fogo interno e continuar, mesmo quando tudo em você quer parar.
Nos vemos lá?
Compartilhe essa matéria via: