Com grande fluxo de visitantes, cidades do litoral sul paulista como Guarujá, Santos e Praia Grande somam relatos de turistas e moradores sobre episódios de ‘virose’ com sintomas de vômito, diarreia e mal-estar após as festividades de Natal e Ano Novo. Na tarde desta sexta-feira, 3, o governo do estado de São Paulo emitiu nota informando que orienta os municípios a intensificar ações preventivas e o monitoramento de patógenos. Também recomendou que a população esteja atenta ao consumo de alimentos e frequente apenas praias próprias ao banho.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, episódios de doenças transmitidas por água e alimentos (DTAs) tanto na Baixada Santista quanto no litoral norte estão sendo acompanhados e que, durante períodos de festas e altas temperaturas, costuma ocorrer o aumento de casos de diarreias agudas causadas por enterovírus, como rotavírus e norovírus, e bactérias.
No Guarujá, a Secretaria Municipal de Saúde informou, em nota, que houve reforço efetivo de médicos e enfermeiros nas unidades de saúde, principalmente no PAM Rodoviária e na UPA Enseada, que registram maior fluxo de pacientes.
“Na primeira, o tempo de espera, que ontem chegou a 2 horas e 40 minutos, hoje foi reduzido para 1 hora e 20 minutos. Já na UPA Enseada, que também recebe boa parte dos turistas que visitam Guarujá, o tempo de espera por atendimento caiu das 4 horas registradas ontem para 2 horas e 20 minutos hoje”, disse a pasta.
No município, unidades de saúde da família que faziam apenas o atendimento eletivo das 7h às 17h tiveram horário ampliado até as 22 horas e não é mais necessário agendar as consultas.
A prefeitura informou que notificou a Sabesp, companhia de saneamento básico, sobre a “possibilidade de vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da Enseada, que podem ser a causa do aumento dos casos de virose na cidade”. No entanto, afirmou que não recebeu resposta. Em nota enviada minutos antes, a gestão estadual afirmou que a empresa informou que “não há nenhuma ocorrência que tenha alterado a qualidade da água fornecida na Baixada Santista” e que a situação é monitorada.
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Ainda de acordo com a gestão municipal, resultados de análises foram enviadas ao Instituto Adolfo Lutz. O objetivo é saber a origem dos casos de gastroenterocolite aguda, doença que pode ser causada por vírus, bactérias ou alimentos contaminados, cujos sintomas são os mesmos relatados pelos frequentadores dessas localidades.
Na Praia Grande, a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) informou que houve aumento na frequência de atendimentos de “viroses” nas unidades de urgência e emergência, mas o quadro não é de surto. A pasta afirmou que o aumento está relacionado ao número expressivo de turistas e que o pico foi de aproximadamente 2 milhões de pessoas na virada do ano.
Em Santos, a secretaria de Saúde apontou o verão como uma época de risco para infecções que acometem o trato gastrointestinal em virtude da aglomeração de pessoas, consumo de alimentos de origem desconhecida e enchentes.
“Santos é uma cidade turística, que historicamente registra um grande aumento da população flutuante entre os meses de dezembro e fevereiro. A Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes, estima que, até o final de fevereiro, 3,6 milhões de veículos passarão pelo SAI a caminho das cidades da Baixada Santista.”
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Surtos acontecem com mais frequência no verão
Infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Raquel Stucchi explica que surtos de diarreia e vômito costumam ocorrer com mais frequência no verão e em áreas superlotadas, cenário do litoral paulista.
“Sabemos que tem praias consideradas impróprias para o banho e, mesmo assim, essas praias também estão lotadas.”
Raquel, que é membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), afirma que outros fatores contribuem para o aparecimento desses sintomas. “Com a exposição intensa ao sol com pouca hidratação, as pessoas podem ter quadros de desidratação com vômito e diarreia, o que requer atendimento para hidratação na veia. O consumo de alimentos que não tenham sido preparados com condições adequadas de higiene também podem causar esses quadros.”
Ela recomenda escolher os locais onde as pessoas vão se alimentar, tomar água mineral e não ingerir água do mar ao mergulhar.
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Busca por medicamentos
Além dos hospitais, farmácias observaram aumento nas buscas por medicamentos para amenizar os sintomas, como sais de reidratação oral, analgésicos e remédios para náuseas. Um exemplo é da rede Farma Conde, onde o movimento quadruplicou em relação ao meses anteriores em algumas unidades da Baixada Santista e também no litoral norte, em Ubatuba e Caraguatatuba.
“A grande procura começou após o dia 1º de janeiro. Desde então, observamos um aumento significativo no número de clientes. De cada três atendimentos, dois são de pessoas com sintomas de virose em busca de medicamentos específicos”, relatou, em nota, Murilo dos Santos, gerente regional e farmacêutico da Farma Conde na Baixada Santista.
Praias impróprias para o banho
Um dos cuidados para evitar as doenças transmitidas por água e alimentos (DTAs) é evitar o banho de mar em regiões consideradas impróprias e também 24 horas após a chuva.
É possível acompanhar a situação das praias no site da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). O boletim de balneabilidade atualizado nesta quinta-feira, 2, indica que, das 175 praias monitoradas no litoral de São Paulo, 38 apresentam condição imprópria para banho. Destes, 22 estão no litoral sul nos municípios de Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente, Santos e Guarujá.
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Meio e Saúde orientações para evitar contaminação
Não entre na água da praia se ela estiver classificada como imprópria pela Cetesb e evite banhos de mar 24 horas após as chuvas
Evite alimentos mal cozidos
Mantenha os alimentos bem refrigerados, com atenção especial às temperaturas dos refrigeradores e geladeiras dos supermercados onde os alimentos ficam acondicionados
Leve seus próprios lanches em passeios
Observe bem a higiene de lanchonetes e quiosques
Lave as mãos antes de se alimentar
Tenha atenção redobrada com comidas em ‘self-service’
Beba sempre água filtrada
Em caso de diarreia, intensifique a hidratação e busque atendimento médico
Fonte: Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
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