No duelo da nova geração de remédios para o tratamento da obesidade, a tirzepatida (Mounjaro) promoveu perda de peso superior à semaglutida (Wegovy), conclui um novo estudo divulgado nesta quarta, 4. Enquanto a primeira medicação obteve uma redução média na casa de 20% do peso corporal, a segunda chegou a quase 14%.
O ensaio clínico com 751 pacientes com obesidade e sem diabetes comparou o efeito de ambos os fármacos, que simulam hormônios fabricados no intestino que atuam na saciedade e no controle glicêmico, ao longo de pouco mais de 16 meses. Os participantes que receberam tirzepatida, do laboratório americano Eli Lilly, perderam por volta de 22 kg; os do grupo da semaglutida, fabricada pela dinamarquesa Novo Nordisk, enxugaram 15 kg no período.
Os cientistas recrutaram pacientes nos Estados Unidos e em Porto Rico e constataram que a perda de peso relativa foi 47% maior no braço da tirzepatida na comparação com o concorrente.
“Trata-se de um duelo de gigantes. E a tirzepatida mostrou-se superior na redução do peso diante do medicamento mais eficaz nesse sentido até então”, comenta o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador da USP de Ribeirão Preto sem envolvimento com a investigação.
“Vale destacar, porém, que os benefícios obtidos vieram em um ano e meio de seguimento. Esse é o desafio para a vida real: manter a adesão ao tratamento no longo prazo”, pondera o especialista.
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Diferenças entre semaglutida e tirzepatida
Considerados revolucionários em sua abordagem da obesidade e do diabetes, os medicamentos da Lilly e Novo Nordisk possuem mecanismos ligeiramente diferentes, embora ambos sejam canetas de aplicação semanal.
A semaglutida – comercializada como Ozempic para o diabetes tipo 2 e como Wegovy para a obesidade em si – imita o hormônio GLP-1, só que age por mais tempo no organismo que a molécula natural. Está aprovada e disponível para ambas as situações no Brasil.
Já a tirzepatida é o primeiro análogo de GLP-1 e GIP, outro hormônio produzido pelo intestino. Foi aprovada pela Anvisa para o diabetes tipo 2 e aguarda liberação para a obesidade. Contudo, a Lilly ainda não anunciou quando começará a comercializar o produto no país.
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Ambos promovem saciedade e participam do equilíbrio energético, atributos valiosos tanto para a perda de peso como para o controle do diabetes. Frutos de anos de pesquisa, foram validados nos quesitos segurança e eficácia numa série de estudos clínicos e hoje são inclusive investigados como tratamentos para doenças que vão de problemas renais a gordura no fígado.
“São duas boas opções que enriqueceram nosso arsenal terapêutico. Cabe ao médico, após uma avaliação detalhada do paciente, sugerir o caminho a seguir, lembrando que as mudanças no estilo de vida, como reeducação alimentar e atividade física, continuarão ferramentas importantes”, diz Couri.
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